Sinceramente não me parece ser este o momento apropriado para neste fórum se discutir uma questão de tão grande relevância como a dos transgénicos. Pela minha parte sou todo ouvidos se alguém estiver apto e se propuser a pronunciar com substância sobre o assunto.
Por mim reconheço que não estou em condições de emitir opinião avalizada. Mas sempre direi que, como cientista falhado que me assumo, porque essa era a minha ambição de estudante e porque julgo que para tal tinha capacidade, tenho o pecado de ser demasiado exigente para aceitar uma qualquer justificação que apoie uma ou outra posição.
Era bom que não trouxéssemos a retórica política para a ciência. Deixem-me dizer que na ciência fia mais fino. A ciência quer-se para os cientistas. Não alinho no “Maria vai com as outras” e estar a discutir assuntos a destempo. Sobra-nos assuntos com que nos preocupar.
É verdade que desde os assuntos domésticos que afectam o nosso dia-a-dia até aos problemas globais que nos enevoam o futuro, de tudo podemos e devemos falar. Os genes preocupam-me, os vírus inquietam-me. Mas também o ar, a água, o saneamento, o tratamento do lixo.
Dando alguma coisinha para este peditório perguntarei se sendo os transgénicos mais resistentes às pragas será que quem os come se torna demasiado imune a elas ou, pelo contrário, mais vulnerável? Estaremos a contribuir para que apareçam monstros ou estaremos a enfraquecer a raça?
O propósito parece ser meritório ao levantar a questão: será melhor manter o precário equilíbrio existente ou caminhar num perigoso desconhecido?
Além de já não podermos fugir ao consumo, a minha forte crença na benevolência do conhecimento científico levar-me-ia a aceitar a manipulação genética. A medicina do futuro assentará basicamente nela.
É o gene que induz a formação de uma proteína essencial para que se não desenvolva uma doença, bla, bla, bla… Não vá o sapateiro além da sua chinela.
Direi que não me sinto nem mais nem menos seguro sem ou com os transgénicos. O que acho é que ser contra é tentar perpetuar modelos genéticos que se consideram perfeitos quando efectivamente o não são.
Também poderíamos ver esta questão sob a perspectiva da criação de um nicho de mercado. Infelizmente na nossa agricultura, por culpa de muitos agentes, estamos a perder continuamente todos os comboios ou a vê-los passar ao longe.
Desculpem-me mas é o que sinceramente acho: iniciativas destas são folclore. Acho mesmo que não é apropriado estarmos aqui a escurecer ainda mais o nosso futuro já de si tão negro, penalizando-nos por males que o não são.
Obs: Intervenção para o ponto b) da Ordem do Dia da sessão da Assembleia Municipal de Ponde de Lima de 29 de Abril de 2006.
Por mim reconheço que não estou em condições de emitir opinião avalizada. Mas sempre direi que, como cientista falhado que me assumo, porque essa era a minha ambição de estudante e porque julgo que para tal tinha capacidade, tenho o pecado de ser demasiado exigente para aceitar uma qualquer justificação que apoie uma ou outra posição.
Era bom que não trouxéssemos a retórica política para a ciência. Deixem-me dizer que na ciência fia mais fino. A ciência quer-se para os cientistas. Não alinho no “Maria vai com as outras” e estar a discutir assuntos a destempo. Sobra-nos assuntos com que nos preocupar.
É verdade que desde os assuntos domésticos que afectam o nosso dia-a-dia até aos problemas globais que nos enevoam o futuro, de tudo podemos e devemos falar. Os genes preocupam-me, os vírus inquietam-me. Mas também o ar, a água, o saneamento, o tratamento do lixo.
Dando alguma coisinha para este peditório perguntarei se sendo os transgénicos mais resistentes às pragas será que quem os come se torna demasiado imune a elas ou, pelo contrário, mais vulnerável? Estaremos a contribuir para que apareçam monstros ou estaremos a enfraquecer a raça?
O propósito parece ser meritório ao levantar a questão: será melhor manter o precário equilíbrio existente ou caminhar num perigoso desconhecido?
Além de já não podermos fugir ao consumo, a minha forte crença na benevolência do conhecimento científico levar-me-ia a aceitar a manipulação genética. A medicina do futuro assentará basicamente nela.
É o gene que induz a formação de uma proteína essencial para que se não desenvolva uma doença, bla, bla, bla… Não vá o sapateiro além da sua chinela.
Direi que não me sinto nem mais nem menos seguro sem ou com os transgénicos. O que acho é que ser contra é tentar perpetuar modelos genéticos que se consideram perfeitos quando efectivamente o não são.
Também poderíamos ver esta questão sob a perspectiva da criação de um nicho de mercado. Infelizmente na nossa agricultura, por culpa de muitos agentes, estamos a perder continuamente todos os comboios ou a vê-los passar ao longe.
Desculpem-me mas é o que sinceramente acho: iniciativas destas são folclore. Acho mesmo que não é apropriado estarmos aqui a escurecer ainda mais o nosso futuro já de si tão negro, penalizando-nos por males que o não são.
Obs: Intervenção para o ponto b) da Ordem do Dia da sessão da Assembleia Municipal de Ponde de Lima de 29 de Abril de 2006.