sexta-feira, 19 de junho de 2009

Uma despedida matreira

Estamos praticamente chegados ao fim deste mandato. A próxima sessão será em plena campanha eleitoral e já com outros intervenientes em perspectiva. Afiguram-se-nos mudanças substanciais, já nos cheira a fim de regime. A proliferação de estatuária de toda a sorte e feitio pela sede do concelho é reveladora disso mesmo.
Quando um dirigente se perpetua demasiado tempo no poder começa a ter pretensões de eternidade. Uma estátua é uma tentativa nesse sentido, embora os camartelos também existam para eliminar o feio e o ridículo. Não faltarão pessoas que acharão o gosto mais do que duvidoso.
Mas voltando ao problema da sucessão, não vejo ninguém com as qualidades de líder natural que Daniel Campelo indubitavelmente manifesta. Daniel Camelo exerceu o poder com manha, fazendo jus à imagem que ao minhoto sempre foi atribuída. É um estereótipo bastante perfeito desse minhoto matreiro.
Daniel Campelo é perspicaz e poderia utilizar bem melhor a sua inteligência. Mesmo assim não lhe antevejo sucessor, quem se possa arrogar proprietário da sua herança. Daniel Campelo vai deixar serventuários vários, mas não um líder que o substitua. Infelizmente não vejo nos que correm por fora da pista alguém com capacidade, valor para liderar este concelho, retirá-lo do declínio económico, social, cultural, civilizacional em que se encontra.
Saio desta Assembleia deprimido por ter sido ofendido por alguns alarves a quem desprezo, por ver campear a mediocridade na situação e na oposição, pelo manobrismo de alguns que a tentaram colocar a reboque dos seus interesses.
Saio agradecido àqueles que, independentemente da sua posição política, reconheceram a minha honestidade intelectual de que não abdico, a minha frontalidade com que quero representar o velho espírito rebelde dos limianos. Obrigado.
Obs. Intervenção para o Período de Antes da Ordem do Dia da sessão da Assembleia Municipal de Ponde de Lima de 19 de Junho de 2009