segunda-feira, 27 de abril de 2009

Que haja um Embaixador para tudo menos para o Ridículo

Nesta proposta de criação da figura de Embaixador fala-se da possibilidade de o Município vir a prestar apoio logístico para tarefas de promoção e divulgação e a atribuir ajudas para acções concretas e delimitadas no tempo. Não me espantaria umas sarrabulhadas por esse mundo fora.
A ver pela correria que tem havido para entrar na Confraria do Sarrabulho, não faltarão empenhos junto do Sr. Presidente da Câmara para mais umas nomeações para este cargo tão honorífico, mas que envolverá decerto alguns momentos em que as pessoas se sentarão à mesa do orçamento.
Quanto aos nomeados eu próprio já tenho alguns nomes a sugerir, tenho porém dúvidas se se enquadrarão neste grupo restrito de pessoas que vai merecer este título por nos trazer mais visitantes, turistas e investidores. Não sei se os visitantes são todos iguais, se tanto valem vinte autocarros de visitantes de domingo de Gondomar, ou outros tantos foliões de sábado que acordem domingo a dormir no areal.
Não sei se se vão contar os turistas de pé descalço ou quantos dias é necessário cá dormir para se ser considerado turista. Mas primeiro haveria que arranjar onde os turistas possam dormir, que o concelho é largamente deficitário em todos os segmentos. Não sei se os investidores podem ser grandes, médios ou pequenos ou se o retorno dos investimentos vai para um paraíso fiscal ou fica por cá. Se se quer seguir um critério economicista há muitos parâmetros a ter em conta para que no fim resulte um critério justo.
Seja como for, a pessoa não é valorizada e o primeiro critério para um embaixador é ele ser a imagem em que se pode rever a população que ele representa. Dir-me-ão que, como Pátria do Sarrabulho, uma pessoa como o Sr. Camelo, interessado em pescar nas nossas águas, será um bom embaixador para tal. Deixo ao vosso critério.
Dir-me-ão que, como Capital do Vinho Verde, uma pessoa como o Sr. Gaspar Castro, que tanto contribuiu para rebaixar o nome que Ponte de Lima já teve neste domínio, mas hoje não tem, servirá como embaixador. Registo este nome para ver se cabe nos critérios adoptados.
Dir-me-ão que, como Berço do Folclore, haverá muitos candidatos a embaixadores e que será melhor não nomear nenhum, caso contrário todos se dividirão em pelo menos dois grupos. E, à medida a que estão a crescer as rusgas e tocatas, qualquer dia não sei como vai ser. E se se juntar os grupos de bombardeiros, que nunca foram tradicionais, então pior ainda.
Ainda nos são alheias outras áreas em que somos os melhores do mundo e que esta Câmara vai descobrir. Mas não haverá dúvidas que o mais importante é o investimento. Justifica-se um embaixador. Porque não promover o nosso cônsul José Pires da Silva pelo cargo que exerce?
Estamos a falar de uma função que, a justificar-se, se deveria atribuir a quem não faça do seu exercício uma feira de vaidades. A diplomacia é por natureza reservada, o lobbying é exercido por quem está próximo ou tem acesso directo aos centros de decisão, não se consegue algo válido só por andar aí, no meio da rua a gritar as nossas maravilhas.
Veja-se o caso da IKea que não chegou a evocação dos amores de António Feijó por uma sueca loira para sensibilizar os homens do dinheiro, do know-how, das redes, os empreendedores, os dinamizadores que por cá faltam, a virem para cá. Nem é com arroz de sarrabulho que se apanham esses estômagos, decerto mais refinados.
Também não me compadeço com os louvores àqueles que, como acham bonito o cenário, se não importariam de vir para cá usufruir do sossego num condomínio fechado. Aceita-se que as velhas quintas possam permanecer como são, mesmo na posse de gente que nada tem a ver com a tradição, mas que se não façam novas coutadas onde por tradição elas nunca existiram.
O Nome que Ponte de Lima possa ter lá fora, para ser perene, deve derivar do seu valor e não da propaganda, muito menos da sua ridicularização. Apoie-se os valores que cá despontem, crie-se atractividade mas não com imagens que não sejam nossas. Estão a dar demasiada importância ao porco.
Obs. Intervenção para a alínea i) do n.º 2 – Período da Ordem do Dia da sessão da Assembleia Municipal de Ponde de Lima de 25 de Abril de 2009.

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