sábado, 25 de abril de 2009

Todos se querem aproveitar do TGV

O Sr. Presidente da Assembleia Municipal anda há tempos desesperado pela falta de um trampolim que lhe permita aparecer na comunicação social e até este lhe serve quando sempre se manifestou hostil a Comissões.
Também o PSD anda histérico, tal como há quatro anos, atrás de mais uma causa para vergar o Governo à força das suas pretensas razões, quaisquer umas lhes servem.
Todos querem utilizar esta Assembleia como suporte e o TGV como arma de arremesso, agora que se aproximam os períodos eleitorais. Sempre repudiei os termos em que o PSD se refere aos problemas que nos afectam. Mas, nesta questão, ultrapassa tudo o que é admissível, tal a tacanhez dos seus pontos de vista, tal o atavismo que revelam.
Querer deixar Ponte de Lima de fora das rotas da civilização, do desenvolvimento, já nos foi imposto pela aristocracia dominante que quis, e conseguiu, fazer desta terra um jardim à parte, uma quinta reservada, um feudo de atraso e ignorância.
À conta de umas apitadelas, de uns roncos, se os houver, ou sei lá de quê, estes senhores continuam a querer manter Ponte de Lima na Idade Média. Mas, acima de tudo, querem usar sem pudor esta questão, com propósitos que ultrapassam largamente os interesses concelhios.
O próprio Presidente Daniel Campelo, não querendo passar por tão avesso à civilização, tem utilizado esta questão no sentido de obter contrapartidas. É uma atitude inteligente, a que não nos opomos só porque ela o pode favorecer pessoalmente.
Porque não podemos esquecer o lado negativo do TGV, tudo faremos para minimizar os seus impactos, e até por obter noutros domínios a compensação para os efeitos causados.
Em primeiro lugar, consideramos que os particulares não podem sair prejudicados. Para este caso já existem Leis e procedimentos suficientes. No caso dos bens públicos está já garantida a sua preservação.
O simples facto de grande parte da linha do TGV ser em túnel ou viaduto, leva-nos a concluir que os problemas de comunicação entre os seus dois lados são diminutos, incomparavelmente menores do que os que a auto-estrada provoca.
A linha do TGV não vai ser aquela barreira intransponível que os ignorantes ou mal intencionados alardeiam.
A linha do TGV une e não separa. A nossa luta tem que ser no sentido de apanhar a sua boleia. Não nos podemos opor ao progresso a pretexto de algum inconveniente ou interesse pessoal.
Todo o desenvolvimento assenta na mobilidade e quem não vê isso é mal intencionado ou retrógrado.
Portugal é um País atravessado por linhas montanhosas, em que os corredores Norte-Sul são poucos e quase sempre difíceis. O traçado espanhol e o traçado Porto-Braga impõe a inevitabilidade da passagem por Ponte de Lima. Bem gostaria o Presidente da Câmara de Barcelos deste inconstante PSD que o TGV lá passasse. Mas não passa.
Devíamos estar gratos por isto, e devíamos também lamentar o atraso. Este teria sido sempre o traçado principal recomendado, que só as dificuldades técnicas e o alto custo, bem como a pressão de Viana do Castelo, daqui o desviaram. A linha do Caminho-de-Ferro só vem reforçar a nossa centralidade, que a auto-estrada tardiamente nos trouxe.
O facto de alguns aceitarem uma linha mais retorcida para comboios pendulares de mais baixa velocidade (passando dos 250 para os 220 km) só revela a sua má consciência. É melhor sobrar agora para não faltar depois.
O facto de num recente colóquio patrocinado pelo PSD se ter chegado à conclusão que, no caso de o mesmo partido chegar ao poder, o diabo seja surdo, cedo e mudo, o projecto do TGV não seria abandonado devido ao bloco central de interesses, deixa o PSD local desarmado.
O PSD local, mesmo quando o seu partido esteve no poder, sempre exerceu pressão chantagista sobre a população local, sem qualquer efeito. Não votam em nós não têm Palácio de Justiça, não votam em nós não têm auto-estrada para Viana, não votam em nós não têm urgência.
Quando são governo o PSD local não se opõem às claras às suas iniciativas que possam vir a beneficiar Ponte de Lima. Calam-nas à nascença, não as deixam sair do silêncio dos gabinetes.
Quando não são governo o PSD encarrega-se de exigir tudo o que o seu governo não deu e a clamar contra aquilo que possa ferir algum sentimento mas que é benéfico para o País.
Estão no seu direito, mas quando opõe tão denodadamente ao TGV, se não querem acompanhar o monstro, porque querem pertencer à dita Comissão de Acompanhamento? Acompanhamento de quê? Que conselhos podem dar?
Oponho-me a qualquer atitude que se oponha ao TGV. Combaterei todos aqueles que manifestam a sua hostilidade ao TGV. Convido todos os membros desta Assembleia a não se deixarem ludibriar pelos profetas da desgraça
Votarei contra qualquer proposta que se oponha ao TGV. Votarei contra qualquer Comissão que navegue na ambiguidade, que não seja clara nos seus propósitos.
Obs. Intervenção para a alínea b) do n.º 2 – Período da Ordem do Dia da sessão da Assembleia Municipal de Ponde de Lima de 25 de Abril de 2009.

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