sábado, 18 de fevereiro de 2006

Para quê o Conselho Municipal de Segurança?

Propusemos a indicação para este Conselho de alguém ligado às Associações de Pais e tal foi aceite.
A composição do Conselho Municipal de Segurança parece garantir a presença de vários saberes.
Mas se este Conselho não efectuou qualquer reunião nos últimos anos é legítimo perguntar porquê. Mas fundamentalmente temos por objectivo inquerir se esta situação se vai manter.
Sabemos que a generosidade das leis não tem, muitas vezes, uma correspondência na prática.
Sabemos que no país há, neste domínio, situações muito diferenciados. Uma lei não é igualmente eficaz em toda a parte. Mas aqui chega-se ao limite. Parece ser entendido que aqui não faz falta.
Podemos nós dizer que vivemos num paraíso e estamos de todo imunes às calamidades de “telejornal”?
Ninguém duvida que temos problemas de criminalidade. A maioria chega-nos importada e esperamos que seja a polícia com os seus meios a resolvê-la.
Mas por cá já vai existindo alguma e os potenciais delinquentes deveriam merecer a nossa ajuda. O investimento na prevenção não é desperdício.
Deveriam merecer uma atenção especial os problemas da exclusão social e derivados. Se não há graves casos de desinserção social, não é caso para ficarmos parados.
Há uma eminente possibilidade de virem a existir graves problemas de auto-exclusão. Este fenómeno que quase só vemos surgir no contexto da toxicodependência pode vir a alastrar a outros extractos sociais.
Vítimas novas e indefesas da evolução, das novas tecnologias e da economia global podem vir a surgir. E os valores sociais que partilhamos podem não resistir às acometidas destes factores exógenos.
É nossa obrigação ajudar as pessoas a criar defesas em relação aos “perigos” de um futuro incerto, armando-as com ferramentas que favoreçam e promovam a coesão social.
É nossa obrigação caminhar em direcção ao futuro, sem medo e com a destreza que só uma boa formação e os bons exemplos nos possibilitam.
É nossa obrigação reforçar a nossa identidade e o sentido de entreajuda que estamos perdendo. Estamos fragmentando-nos, a perder valores, a perder fôlego e energia.
Falta-nos o “queijo limiano” da humildade e do espírito.

Obs: Intervenção para o ponto b) da Ordem do Dia da sessão da Assembleia Municipal de Ponde de Lima de 18 de Fevereiro de 2006.