sábado, 18 de fevereiro de 2006

Pela dispersão das escolas que permita não perder qualidade

Os critérios de planeamento definem que, quanto à constituição de agrupamentos de escolas, ”não deve ser ultrapassada a base concelhia”. Assim o agrupamento de escolas de Lanheses não pode agrupar Fontão e Arcos.
Esta situação, a manter-se, implica que os alunos a partir do 2.º ciclo passam a frequentar a Escola de Lanheses, o que não é de todo admissível. E põe em causa outras políticas correlativas que tem de ser pensadas a nível concelhio.
Estas duas freguesias ou integram outro agrupamento na área municipal ou se cria mais um agrupamento agregando outras freguesias, o que é perfeitamente possível. Esta é uma questão em que nós não estamos dispostos a transigir.
É necessário dar um incentivo às freguesias periféricas do concelho de Ponte de Lima. As crianças têm de estudar o mais próximo possível da sua casa. Elas não se sentirão mais limianas por terem que estudar na sede do concelho.
Criar escolas na periferia é desenvolver o concelho e descentralizar as estruturas necessárias ao desenvolvimento urbano dessas regiões. Essa seria a nossa política se tivéssemos vencido as eleições.
Nós defendemos o máximo de descentralização, a criação de unidades educativas que preencham os requisitos legais, mas que se situem no limiar mínimo de dimensão aconselhável, as 4 salas para o 1.º ciclo do Ensino Básico.
Nós defendemos o máximo de disseminação destas unidades educativas pela área concelhia.
Correlacionada com esta situação há o problema das freguesias intermédias que, mesmo estando mais perto da periferia, consideram que é mais vantajoso caminhar para o centro. É a velha inveja a funcionar: já que não é para mim, também não é para o vizinho.
Tem de haver unidade entre as freguesias. O poder divide para reinar. A continuar esta desunião quem vai gemer no futuro sois vós, os presidentes de junta. Se ninguém está alertado para esta situação, acautelai-vos porque sereis responsabilizados.
A luta contra a macrocefalia não é só um Porto-Lisboa. À nossa dimensão também temos as nossas lutas, as nossas cobiças, as nossas traições. Há quem pense em desarmar separatismos, há quem tenha ambições megalómanas. Há quem faça a apologia dos caixotes e promova o abandono do campo.
Quem canta a ruralidade mas só promove o ruralismo, o atraso, o nosso desmembramento, a nossa desarticulação perante a pasmaceira quase geral, merece ser chamado à atenção.
Acima de tudo exigimos posições claras. Há quem hoje cavalgue uma égua e amanhã vai aparecer a cavalgar outra. Pode legitimamente mudar de opinião. Mas é preciso que, aqui e agora, se saiba que égua se cavalga porque o mais certo não é a separação mas ter que a levar até ao fim.
As soluções que se venham a adoptar, e infelizmente algumas já foram assumidas como definitivas, serão, pelo menos, para a nossa geração. Quanto erro cometido e dinheiro estragado.
Nós apelamos à população que não tome medidas apressadas, mas veja também a situação no interesse dos seus filhos. Esse interesse não se manifesta manipulando-os.
Por exemplo, os comerciantes, empresários, funcionários ou empregados que trabalham na Vila gostam de trazer os seus filhos para frequentar o ensino na sede do concelho. Pensam que tem melhor ensino.
Este comportamento tem de ser desincentivado. A excelência tem melhores condições para aparecer nas aldeias.
É mais cómodo para si em função dos seus horários de trabalho. É efectivamente. Mas esta situação tem de ser ultrapassada, criando condições para a efectiva fixação na sua terra. É bom ganhar amor à terra.
Nós não temos dois paus e duas medidas. A população tem de colaborar e lutar pelas melhores soluções.
Por exemplo em relação à escola da Vila sabemos que a intenção da Câmara é mandá-la para a Feitosa. Está aí a ser construído um complexo grandioso fora do normal para o nosso meio.
Nós exigimos que pelo menos a população residente continue a ter uma escola na Vila. Se a actual está encurralada e não tem as condições mínimas resolvam o problema que criaram.
Somos nós que temos de aprovar a Carta Educativa de Ponte de Lima. É tempo de levantar a nossa voz. Não vivamos amordaçados. Não aceitemos factos consumados.

Obs: Intervenção para o ponto c) da Ordem do Dia da sessão da Assembleia Municipal de Ponde de Lima de 18 de Fevereiro de 2006.